10/09/2022 às 01:59

Os primeiros cliques do novo mundo

4min de leitura

O pensamento de começar pequeno é um erro. Você pode iniciar com pouco, mas nunca pequeno

Rodrigo Covolan

Meus primeiros cliques foram com filme. Sou um fotógrafo que nasceu no berço analógico, engatinhei no analógico, dei meus primeiros passos com fotografia analógica e os primeiros pulos com filme fotográfico.

Mas o tempo, senhores, passa rápido. Mais rápido do que o tempo em que minhas mãos ansiosas terminavam um rolo de 36 poses.

Logo, na virado do século, a fotografia digital lutava por seu espaço, e a velocidade com que a internet unia o mundo engavetou o filme fotográfico rapidamente. Falamos agora da era digital, sai o filme, entra o sensor.

Uma transição confusa e barulhenta para época. Revistas especializadas em fotografia traziam comparativos de qualidade das películas frente aos sensores enquanto fotógrafos da velha guarda gritavam contra o vento que isto (a foto digital) não era fotografia.

Como em toda evolução tecnológica brigar contra o futuro é estupidez.

Junto da fotografia digital nascia em paralelo um novo universo, o do tratamento de imagem - bem vindo Photoshop!

Agora era possível deixar a pele lisinha, ajustar medidas do corpo e realçar a cor dos olhos. Tais ferramentas foram amplamente usadas em edições de revistas muito populares como a icônica Playboy e publicações de moda como Vogue e Elle.

Notem que, a imagem fake não é uma exclusividade desta geração selfie.


A modelo Beatriz Masera clicada por Rodrigo Covolan na fase inicial da carreira

Foto clicada com uma Canon DSLR modelo 20D de 8.2 megapixels

De uma hora pra outra a informática tornou-se um componente indispensável para o fotógrafo digital que antes, só precisava de câmera, filme e uma loja de fotografia para revelar seus filmes.

Computadores foram exigidos ao máximo potencial de processamento para dar conta de arquivos digitais pesados e editados em programas complexos que exigiam muito mais memória do que um inofensivo pacote Office.

O fator informática aniquilou fotógrafos mais velhos que não tinham a menor intimidade ou interesse com o mundo digital. Quem apenas do papel viveu no final foi embrulhado (ou enterrado) por ele.

Outrora gigantes da fotografia como Kodak, Agfa, Konica, Fuji e Minolta foram simplesmente dissolvidas e olha que ainda nem se sonhava em celulares que pudessem tirar fotografias. Os primeiros modelos eram bizarros e a qualidade rídicula.

A Canon 20D capturava em 8.2 megapixels de resolução máxima. Pouca resolução na época para garantir qualidade em impressões maiores que uma 13x18 cm

O que acabou foi o filme, não a fotografia. Pena que muitos colegas não souberam viver a transição.

Rodrigo Covolan

"Mexer" nas fotos no computador parecia uma tarefa inalcançável para muitos fotógrafos que cresceram nas décadas de 60, 70 e 80. Hoje, tudo que nos cerca é basicamente eletrônica e informática juntos, mas até os anos de 1990 era algo impensável. Carro com vidro elétrico já era item de luxo e a TV em cores veio pouco tempo antes.

Os sites explodiram neste período. AOL, UOL, Terra e IG foram portais que definiram o comportamento digital da geração dos anos 2000. A fotografia digital permitia uma velocidade impressionante de publicação e fez com que todo tipo de informação do mundo estive acessível visualmente em questão de minutos.

Até mesmo a fotografia analógica precisou ganhar espaço no mundo virtual. Scaners de negativos transformavam o filme em imagem digital, e este equipamento por muito tempo equipou redações de jornais impressos e revistas. Hoje existem apps em smartphones que fazem este serviço com uma facilidade assustadora.

A fotografia digital trouxe uma seleção natural á todos os fotógrafos do mundo. Os sobreviventes gostavam de usar um pensamento do qual concordei por algum tempo. "Fotógrafo que nasceu no filme e clica digital é um profissional que entende mais de fotografia do que os que nasceram no digital".

Outros tempos me fizeram rever este pensamento. Hoje creio que fotógrafo precisa entre todas as qualidades e técnicas necessárias ser dono de um olhar excepcionalmente diferenciado.


O celular popularizou a fotografia. Isso apenas reforçou a importância do fotógrafo profissional em meio à um mundo onde todos podem fotografar, mas sem a técnica e o olhar de um exímio profissional.

Rodrigo Covolan

Dizem que águas passadas não movem moinhos, mas com fotografia este velho ditado cai por terra. Todas as fotografias mais importantes da história continuam mover velhos e novos moinhos. A história moderna tem a fotografia como sua máxima testemunha.

Estudar o mundo é trombar com imagens icônicas que definem significados geracionais. Isto é grandioso! Uma imagem vale mais do que mil palavras!

Mas no mundo visual não existe almoço grátis, amigo. A fotografia em 2022 parece deixar claro a tendência híbrida com o vídeo, formato que dita as regras nas maiores redes sociais da atualidade como YouTube, TikTok e agora Instagram.

Como ouvi (ou li) por estes dias: 'Uma foto vale mais do que mil palavras e um vídeo vale mais do que mil fotos'.

Seria o vídeo o próximo passo evolutivo da fotografia?

Segue o baile!



10 Set 2022

Os primeiros cliques do novo mundo

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